Marcelo Pio: Desafio em Reis na comemoração dos 20 anos de carreira

Ator vive o filisteu Tamembér na série da Record TV e também fará o primeiro vilão no cinema


04 de abril de 2022 01h39

Foto: Marco Brozzo

No ano em que completa duas décadas de carreira, o ator Marcelo Pio está de volta à Record TV na superprodução Reis. Depois de fazer Gênesis e Sansão e Dalila, ele interpreta na nova trama bíblica o ferreiro filisteu Tamembér. “Um grande desafio fazer esse personagem. Já considero um divisor na minha carreira”, diz. Já no cinema, aguarda o lançamento do filme O que é meu é meu, o seu é nosso, em que fará o primeiro vilão nas telonas.

Além de ator, Marcelo é produtor e diretor, e nesse tempo de profissão transitou na TV, teatro e cinema. Fez longas com seu mentor Domingos Oliveira, como Primeiro dia de um ano qualquer. Em 2020 filmou a série Dom, no papel do vilão Barradas e esteve em cartaz com o espetáculo digital #desafiohitchcock. “É uma missão linda poder viver vidas e colorir outras vidas que nos assistem. Sou grato a Deus pelo milagre do dom, das artes e das oportunidades do viver. Que venham mais 20 anos de pura arte e dedicação”.

Como está sendo participar dessa superprodução Reis e dar vida ao Tamembér? Estar no elenco desta superprodução é uma grande benção. Receber esta confiança de encarar o Tamembér me engrandeceu muito, personagem com dualidades sutis, com conflitos humanos, um grande desafio, onde tive que me imprimir com dedicação extra para alcançar as boas alturas deste trabalho, que já é um divisor na minha trajetória. Que honra estar com este maravilhoso elenco e equipe que amo como minha família. 

Foto: Blad Meneghel/Record TV

Você também participou de Gênesis e Sansão e Dalila. É um gênero de telenovela que te conquista? É muito potente e gratificante contar as histórias bíblicas. É a trajetória épica do homem e seu Criador, muitas histórias já provadas pela arqueologia, ciência e testificado na história. Às vezes penso "estou com meu trabalho dentro da Bíblia, o livro mais lido e polêmico da história, a Palavra de Deus para a humanidade”. Como ator, é uma oportunidade única poder contribuir para que estas histórias cheguem da melhor forma para o nosso querido público se inspirar, tocar corações e até curar almas. Está tudo ali na Bíblia: passagens, profecias, história das civilizações, a ética, os erros, a graça, o mistério da fé, física quântica e provérbios, O Evangelho da salvação, o futuro da humanidade no "Apocalipse" que significa "Revelação" para uma esperança vindoura... Eu amo me aprofundar em toda esta riqueza e contribuir um pouco para a melhora do ser humano na sua trajetória terrestre e a minha própria.

As novelas bíblicas da Record costumam trazer ares de superprodução. O que mais chamou a sua atenção nos bastidores? A Record está investindo muito, superprodução mesmo, câmeras, técnica, visagismo, elenco, diretores e figurino, etc.. tudo impecável. Mas o que me chamou atenção foi o clima "família no trabalho". Me sentia muito bem com todos, dos figurantes aos protagonistas, realmente sentia um clima de união e com certeza o resultado desse trabalho aparece nas lentes. Tenho visto Reis, claro e estou chocado com o lugar que alcançamos.

O ano de 2022 marca seus 20 anos de carreira. Como avalia essa sua caminhada? Depois de me formar em artes dramáticas, dirigido por Ítala Nandi, em 2000, no Rio, meu primeiro trabalho profissional foi no SBT como o Caô, na novela Pequena Travessa, em 2002. Depois de três testes na casa veio este convite do produtor Rancoleta. Fiquei extremamente emocionado, lembro, eu e minha mãe, com este convite e primeiro trabalho numa grande emissora, Deus sempre confirmando a nossa vitória. Lembro que o telefone fixo tocou e Rancoleta falou "vamos trabalhar?" Sou grato por tanto. Em São Paulo, tive muitas oportunidades não só de trabalhar, mas também de estudar muito no aprimoramento da atuação, no olhar estético e ético do nosso ofício. Depois, voltei para o Rio para desenvolver um trabalho com Domingos Oliveira. Nos tornamos amigos e ele se tornou um grande conselheiro. No cinema, fiz meu primeiro filme premiado, Primeiro dia de um ano qualquer, com um elenco estelar. No teatro fiz o traficante Moisés Cantinho obtendo ótimas críticas. No Rio, tive oportunidade de trabalhar com grandes nomes: Ieda Ribeiro, Camilla Amado, Hélio Eichbauer, Ariane Mnouchkine, Juliana Carneiro da Cunha, Julia Carrera, Amir Haddad, Fernando Gomes, Fred Reder, Bia Oliveira e Thiago Greco, entre outros. Nestes pequenos 20 anos de caminhada fui muito abençoado, trabalhei com os melhores, fui acolhido, tratado e direcionado para o melhor de mim.

Você estreará o seu primeiro vilão no cinema. O que pode nos adiantar sobre esse projeto? Vão dar boas risadas, se emocionar e ficar intrigado com a trama O Meu é Meu o Seu é Nosso. O roteiro de Guga Sabatiê é genial. O meu personagem Carlos é um traficante de pedras preciosas. Costumo dizer que esta é uma "comédia romântica policial poética" com um grande elenco de amigos queridos. Filmamos em Petrópolis na fazenda do Amor antes da pandemia. "Nosso filho" como costumamos dizer, foi feito com muito amor mesmo. Carlos é meu primeiro "vilão" no cinema. Carlos é o mistério "problemático" do roteiro, não posso falar muito, porque o roteiro é tão genial de lindo que espero que a gente possa ver logo nas telonas do cinema. Fizemos no jeito BOA (Baixo orçamento e amigos) como diria nosso saudoso amigo mentor Domingos Oliveira. Com fotografia de Lucca Pougy e preparação de elenco da amada Bia Oliveira, o filme está espetacular e será um respiro para tempos duros.

Que conselho você daria para quem está começando agora na carreira artística? Poxa vida, missão difícil dar conselhos, né!? Mas acho que sobre tudo você tem que estudar, estudar e estudar, fazer seu caminho, crescer no caráter, vai se sentir só, não é fácil descobrir seu talento, sua praia qual é? Depois de tudo, se jogar, ganhando dinheiro ou não, tem que ter amor e paixão no peito que te joga pra frente. Já andei muito em São Paulo sem saber onde estava indo, mas estava vivo e com brilho no olhar. Não pode perder nunca o brilho no olhar, a empatia, o outro, a gentileza, o ator é escutar e ver o outro, sempre. Já vi muitos artistas talentosos, amigos, não seguirem, é triste, não é fácil, tem muitas coisas pra te tirar do foco, pra te boicotar, creio que sobrevivi há muitas coisas, por isso continuo firme, sonhando, criando, acreditando e investindo sempre. Se vocês tem essa missão fervendo no coração, sigam em frente, isso já basta.