Pablo Rodríguez, o Pahby: Escritor se inspira em Gil do Vigor e vê livro LGBT entre os mais vendidos

Niteroiense usa o humor para contar história de abusos na infância, alcoolismo até a aceitação com ajuda do carnaval


14 de julho de 2021 00h13

Foto: Divulgação

O niteroiense Pablo Rodríguez, conhecido como Pahby, viu sua vida mudar após o BBB21. Tudo porque, a partir da inspiração em Gil do Vigor, ele também tomou coragem para contar a sua trajetória em livro Resultado: a obra Estou Mal Falado é segundo lugar em vendas na categoria LGBT da Amazon, perdendo só para a do próprio Gil. “Eu tinha medo de contar a minha história e as pessoas não gostarem mais de mim, ainda que fosse neste formato de humor”, conta Pahby.

Ao ver a aceitação que o economista teve no reality global, Pahby tomou coragem para lançar a sua autobiografia. Em comum, ambos são gays, afeminados e negros. E estão cativando o público com suas vivências, mesmo com narrativas que fogem do padrão.

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PAHBY USA DO HUMOR PARA CONTAR INFÂNCIA DRAMÁTICA, DE ABUSOS, O ENVOLVIMENTO COM ÁLCOOL, ATÉ A ACEITAÇÃO NO UNIVERSO DO CARNAVAL

No livro Estou Mal Falado, Pablo Rodríguez utiliza do humor para expor a história de uma criança preta e LGBT, vivendo em um bairro de classe baixa, sofrendo múltiplos abusos na infância e que durante a vida adulta se descobre alcoólatra. Em vez do drama que já tem na sua trajetória, o escritor usa e abusa do tom ácido e até vingativo, para relatar situações dolorosas, vexaminosas e toda a sua decadência em meio ao alcoolismo quando vivia na capital da Irlanda.

“Comecei a escrever o livro há dez anos, após um relacionamento conturbado, mas fui atingido pelo problema com álcool quando vivi em Dublin, por dois anos. Entendi que o livro não era pra ser sobre aquele relacionamento, mas sobre o que estava acontecendo comigo. Assim que me recuperei, reescrevi e dei vida a ele”, diz Pahby.

Assim como Gil encontrou no BBB21 uma maneira de se aceitar, para Pahby este momento aconteceu quando ele chegou ao universo do carnaval carioca. Estudante de Comunicação Social e Cinema, ele fez coberturas para o canal Mais Carnaval e, diante da aceitação do público, sentiu-se, enfim, confortável. Foi neste trabalho que ele teve suporte para superar a dependência química.

“Estar hoje entre os mais vendidos ao lado do Gil do Vigor e me sentir acolhido pelas pessoas, me ajuda a todos os dias renovar os meus votos com a sobriedade. É o que me faz ver que valeu a pena toda luta para conseguir entrar em recuperação e abandonar o álcool. E o carnaval é uma parte vital nesta minha reconstrução”.