Felipe Velozo, o Tomás de Mar do Sertão, deixou o Direito pelas artes: “Não era meu lugar, me corroía”

Intérprete do gerente de banco apaixonado por Rosinha, ator baiano fala de representatividade e inspirações


21 de setembro de 2022 00h18

Foto: Mateus Ross

Aos 35 anos, após atuações importantes no longa Mariguella, nas séries Vale dos Esquecidos, da HBO Max e Eleita, da Amazon Prime, além de vasta experiência no teatro, Felipe Velozo se vê diante de um novo e desafiante momento na carreira. O ator baiano está no ar em Mar do Sertão como o educado e gentil Tomás.

Gerente do banco central de Canta Pedra, o personagem é apaixonado por Rosinha (Sara Vidal), filha de Timbó (Enrique Diaz). “Mar do Sertão é uma história de amor, linda, leve e retrata o povo nordestino com muita força, beleza e com certeza vai conquistar o Brasil", afirma o ator, que deixou o Direito para se dedicar às artes.

FELIPE X TOMÁS

“Me vejo muito no Tomás. Ele é sereno, honesto e tem como missão ajudar as pessoas por meio do seu posto na cidade”.

Tomás (Felipe Velozo). Foto: Globo/Estevam Avellar

DA DECEPÇÃO COM O DIREITO E O ENCONTRO COM A ARTE

“Durante a faculdade tive um sentimento de frustração grande com o judiciário deste país. Você percebe que as coisas não funcionam como deveriam. Percebi que ali não era meu lugar, estava me corroendo. Decretei que a única coisa que não queria e não poderia ser era um humano frustrado. Abandonei aquela vida e nunca mais olhei para trás. Comecei do zero um novo ofício, sem nenhum contato ou conhecimento sobre aquele mundo, para buscar um lugar que me trouxesse realização pessoal, profissional e financeira. E foi assim que me apaixonei na atuação. Quando criança, fiz peças na igreja, mas sem objetivo profissional. O teatro não fazia parte da minha rotina, nem do meu imaginário. Por isso hoje eu defendo o trabalho de formação de plateia. A criança, o jovem, precisa ter acesso ao teatro para poder se aproximar desse universo”.

PAIXÃO PELO TEATRO

“Carrego comigo momentos, lugares, pessoas que marcaram minha vida. Ter pisado em palcos como Teatro Oficina, Theatro Municipal de São Paulo e no último mês no palco principal do Teatro Castro Alves, com certeza são experiências que me moldaram enquanto artista e pessoa. “Tive o privilégio de aprender e trabalhar com grandes mestres e inspirações, como Amir Hadad, Ana Kfouri, Hebe Alves e Fernando Guerreiro, mas considero o Teatro Oficina minha grande fonte de aprendizado. Estudar teatro naquele espaço e ser dirigido pelo José Celso Martinez Corrêa não tem como descrever”.

ORGULHO DE ATUAR EM MARIGHELLA

“Marighella ocupa um lugar especial. Por tudo que ele representa: meu primeiro filme, as pessoas, a história espetacular, por filmar na Bahia e por ser dirigido por Wagner. Foi um combo que até hoje me faz sorrir quando lembro. Fazer parte dessa obra é um troféu pra mim”.

REPRESENTATIVIDADE NO AUDIOVISUAL

“Representatividade não é só uma palavra, é muito importante no audiovisual. Quando comecei a estudar teatro, por ter visto toda uma geração de atores baianos decolando na TV e no cinema, tive uma injeção de ânimo e possibilidades. Olhava e olho até hoje para Wagner Moura, Lázaro Ramos, Luís Miranda, Fábio Lago, Vladimir Brichta, Daniel Boaventura e penso que também sou capaz de grandes conquistas. O mercado tem mudado e as grandes produtoras têm entendido isso. O Brasil é gigante em tamanho e pluralidade. Mesmo assim, ser você mesmo nesse país custa caro, mas banco essa luta. Não existe riqueza maior do que entregar como artista a essência de quem eu sou. A minha origem, a minha cor, o meu sotaque e o meu suingue contam histórias que querem ser vistas”.