Thaís Melchior e o desafio de viver a arredia Raquel, o amor de Jacó, em Gênesis: “Mergulhei profundamente”

A atriz fala sobre o processo rico de preparação e dos aprendizados com a complexa personagem


07 de julho de 2021 00h45

Foto: Vinícius Mochizuki

Por Luciana Marques

*A entrevista completa está disponível no vídeo, abaixo.

Thaís Melchior chega aos 30 anos também num dos melhores momentos de sua carreira. Depois de dar a vida a protagonistas de sucesso, como a Aruna, de A Terra Prometida, e Luísa, de As Aventuras de Poliana, a atriz encara agora um desafio e tanto na fase Jacó (Miguel Coelho), em Gênesis, com estreia prevista para esta quarta, 7, na Record TV. Thaís interpreta a arredia e amargurada Raquel, o grande amor da vida de Jacó. “É uma personagem muito diferente de tudo o que eu venho fazendo. Estou me sentindo instigada, ela me fez mergulhar profundamente”.

Na história bíblica, Raquel é filha de Labão (Heitor Martinez) e irmã de Lia (Michelle Batista). Como a mãe, Diná (Michelle Batista), morreu durante o seu parto, tanto o pai quanto os irmãos, menos Lia, a culpam por isso. “Ela carrega essa dor, que só aumenta. Então é arredia, uma pessoa que não se entrega. Mas não a considero vilã, ela tem condutas erradas. Eu digo que tudo o que ela queria era se sentir amada”. Na entrevista, a atriz fala ainda sobre a história de amor de Raquel e Jacó, que no início é por interesse pelo lado dela e depois vira amor. E diz ainda como a força e a coragem da personagem tem lhe inspirado na vida.

Raquel (Thaís Melchior). Foto: Blad Meneghel/Record TV

O que mais cativou você no convite para viver a Raquel? Esse convite foi na hora certa. Fazer novela já é um grande desafio e exige uma dedicação intensa, ainda mais fazer uma novela em tempos pandêmicos. E é um privilégio estar trabalhando neste momento. Quando o Eduardo Pradella me convidou para fazer a Raquel, eu falei, nossa, que responsabilidade. Ela realmente é uma personagem muito complexa, diferente de tudo o que eu venho fazendo nos últimos tempos. Mas eu não pensei duas vezes, vamos encarar essa com todo o prazer do mundo. E está sendo uma delícia. Eu estou me sentindo instigada. A Raquel me fez mergulhar profundamente e está sendo um processo muito rico pra mim como atriz.

Como definiria a Raquel? Ela é o grande amor da vida do Jacó, uma das esposas dele. A primeira esposa é a Lia, mas ele considera a Raquel como a oficial, digamos. E é uma personagem que carrega muita mágoa dentro dela, por uma questão familiar. A Diná, mãe da Lia e da Raquel, que quem fez também foi a Michelle Batista, morre no parto dela. Ela também têm dois irmãos e eles jogam essa responsabilidade na Raquel. O pai, Labão também não soube lidar com a morte da ex-mulher. A família inteira não soube lidar. E não tem uma união, uma conversa madura, não existe diálogo, cada um se fecha no seu mundinho, não há parceria para enfrentar essa dor e essa dor só vai aumentando. E a Raquel acumula bastante mágoa por conta disso.

Foto: Vinícius Mochizuki

Como é a relação dela com a Lia? A Lia foi criada da mesma forma. Elas passam pelo mesmo problema dentro de casa. Mas a Lia lida com o problema de uma forma diferente, ela tem uma luz, ela é muita positiva, ela prefere não guardar essas mágoas. Existe um amor e uma cumplicidade entre as irmãs por tudo o que elas passam. Mas a Raquel é arredia, ela é uma pessoa que não se entrega. Eu digo que tudo o que ela queria era se sentir amada. Ela tem o amor da irmã, mas elas têm conflitos de opinião, de comportamento.

Uma das grandes mágoas da Raquel acontece quando ela acha que vai se casar com Jacó, mas o pai dela, o Labão, entrega a ele Lia, que é a filha mais velha... Uma traição! (risos) Eu brinco que os panos precisam estar preparados para a Raquel... Mas no fundo eu acho que o público vai ter uma empatia, porque a Raquel, realmente, passa por cada coisa, coitada. Ela não é esse monstro todo, ela tem os motivos dela. Claro que o erro está nas escolhas, nas condutas erradas. Mas eu me coloco no lugar dela, é difícil passar por isso tudo. Nessa história do casamento, ela se arruma, está completamente feliz e realizada, porque vai casar o Jacó, o homem que ela tanto esperou que aparecesse, e tem uma armação do Labão. A Lia fica se sentindo mal, mas ela é a primeira filha. E ele leva a Raquel para o quarto, tranca ela, e coloca uma papoula na bebida do Jacó e ele casa com a Lia. A Raquel só sai do quarto no dia seguinte e sabe de tudo e é uma dor imensa que ela sente... É mais uma decepção, uma falta de respeito com ela.

Raquel (Thaís Melchior) e Jacó (Miguel Coelho). Foto: Blad Meneghel/Record TV

Mas depois a Raquel também casa com Jacó. Como é a relação dos dois? Isso foi muito difícil para mim de entender no início, de achar esse lugar humano. Eu demorei um pouco para fazer essa relação. Da parte do Jacó é tudo muito sincero, porque ele teve uma conversa com a mãe dele, a Rebeca, que contou a história dela e do Isaque, que foi um amor também à primeira vista, e quando ele viu a Raquel, ele se iluminou muito com isso. A Raquel, num primeiro momento, tem um interesse muito grande pelas posses do Jacó, e da parte dele é uma sensação de maravilhamento quando vê aquela mulher. E a Raquel sabe que ele é filho do Isaque e da Rebeca, que são tios dela e têm muitas posses. O sonho da Raquel é sair daquela família, sair do lado daquele pai, ir embora para Canaã e ter uma vida como ela merece, sendo amada e se casando com um homem que valorize ela. E ela vê essa esperança no Jacó, então durante muito tempo, foi por interesse mesmo. E depois ela começa a amar esse homem.

Você diria que esse amor pelo Jacó é que acaba humanizando ela? Sim! Humaniza e humaniza muito, tem uma virada de chave.

Foto: Vinícius Mochizuki

O que você acha que mais está aprendendo com a Raquel? Eu acho que a coragem dela. Ela tem uma objetividade,  é muito focada. E ela também é muito honesta, autêntica, não tem meio termoa. eu admiro esse lado dela, de ser tão autêntica e corajosa. E eu encontrei uma Thaís aqui dentro a partir da Raquel, que eu vou levar comigo, com certeza. Eu tenho o hábito de digerir tudo sozinha e a Raquel tem me ensinado, não, vamos lá. Não vai se desagradar tanto para agradar o outro, tem que existir um equilíbrio. Eu tô exercitando isso.