Renan Motta, o Herbert de Verdades Secretas 2: “Deveríamos falar mais sobre temas desafiadores como sexo e drogas”

Ator baiano festeja papel na série e ressalta que a dramaturgia só tem a ganhar com maior representatividade


16 de novembro de 2021 02h06

Foto: Divulgação

Natural de Salvador, Renan Motta, no ar em Verdades Secretas 2, do Globoplay, é tão orgulhoso de sua terra, que adora ver a sua origem citada nas entrevistas. “É isso que eu sou! Um ator baiano. Não existe um lugar onde eu consiga ser mais eu do que na Bahia”, afirma ele, formado no grupo Bando de Teatro Olodum.

No Rio desde 2018, quando atuou em Segundo Sol, Renan comemora agora um novo desafio e tanto. Na trama de Walcyr Carrasco, ele vive o profissional de TI Herbert, essencial para descobrir esquemas secretos na agência. Para o ator, foi importante desconstruir a imagem de nerd. “Acho que muitos são bonitos, descolados e pra frente, por isso ele se adapta bem a Blanche Models”.

O ator com Maria de Medeiros, que interpreta a poderosa Blanche. Foto: Divulgação

O que mais tem instigado você nessa experiência de participar de Verdades Secretas 2? Tenha certeza de que muitas coisas! Acho que nós, e quando digo nós é toda a sociedade brasileira, ainda temos que avançar em muitos temas de extrema urgência. Muitas “verdades secretas” são ainda tratados como temas desafiadores quando deveríamos falar com mais naturalidade. Assuntos como sexo e drogas, por exemplo. Outra coisa que me deixa curioso é como uma pessoa consegue saber quase tudo sobre nós através de uma tela de computador! Estamos vulneráveis a tecnologias. E precisamos saber: até que ponto isso é interessante? Acho que isso é quase uma guerra perdida. Essa situação me instiga a pensar em como usar as novas tecnologias ao nosso favor. 

Como você definiria o Herbert na trama, parece que ele terá informações secretas da agência, né? Por ser um hacker, sempre que Hebert aparece é porque alguém quer dar um xeque-mate. Por isso ele acaba descobrindo coisas que a maioria das pessoas jamais saberia sem ajuda dele. É importante para a trama. Torço para que ele fique mais (risos).

Geralmente, quem trabalha na área de TI é mais sério, nerd. Como o Herbert lida com todo aquele submundo que envolve a agência, com personagens como o Visky (Rainer Cadete), por exemplo? Isso é algo que eu pensei muito. Por que não desconstruir esse olhar sobre quem trabalha com TI? Acho que muitos nerds são descolados, bonitos e pra frente! Isso faz com que ele se adapte muito bem ao universo da Blanche Models.

Você é baiano, veio do teatro... Como tem sido a sua caminhada na carreira artística em busca de espaço, enfrentou muitos perrengues, porque não é uma profissão fácil e de glamour, como muitos acham... Sou baiano. Eu amo quando vejo uma matéria e tem escrito “ator baiano”. É isso que eu sou! Um ator baiano. Não existe um lugar onde eu consiga ser mais eu do que na Bahia. No meu grupo de teatro, o Bando de Teatro Olodum, os desafios são diários. Com quase dois anos de pandemia, com o mercado parado, pagar contas e continuar estudando não só eu como também a maior parte da população se viu obrigada a se reinventar.

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E sobre a questão da representatividade, acha que falta ainda muito espaço para atores negros, em papeis não estereotipados. Como você tem visto isso? Ainda precisamos de equidade em todos os meios, sabe? Os avanços existem, mas ainda precisamos refletir o Brasil do jeito que ele é. Um país diverso, com pessoas pretas, indígenas e LGBTQI+, representadas em lugares de poder. Isso tem que ser um compromisso de formação do imaginário brasileiro. A dramaturgia só tem a ganhar com isso. A gente quer e precisa se ver.