Felipe Carauta investe na literatura: “Penso muito nas mensagens que quero passar antes de escrever”

Descobridor de jovens talentos, agente artístico lança três livros de ficção para diferentes gerações


18 de dezembro de 2020 00h35

Foto: Márcio Honorato

Por Luciana Marques

Desde muito antes de se revelar um exímio descobridor e administrador da carreira de jovens talentos, Felipe Carauta já tinha certo envolvimento com a literatura. Uma das obras que o então menino lançou e distribuiu para a família, Tudo por uma Esmeralda, será, inclusive, reescrita. Mas, hoje, aos 33 anos, em paralelo com a administração da Carauta Estratégia de Imagem, a qual está à frente há 15 anos, Felipe mostra a sua veia de escritor. Ele acaba de lançar três obras de ficção, editadas pela LIVR(A) e já disponíveis em livrarias físicas e online. São elas: A fadinha de uma asa só, Sol e Lua – Sob a Luz dos Holofotes e No Divã com Davi – No Alto da Brooklin Bridge, direcionadas, respectivamente, para os públicos infantil, infanto-juvenil e adulto. “Eu penso muito sobre as mensagens que eu quero passar antes de escrever algo”.

As histórias são inspiradas em experiências de sua vida, algumas com alguns de seus talentos. “No caso de Sol & Lua, sim, me inspirei primeiro no Lucca Picon, Allana Lopes e no Hall Mendes”, conta. E será que Carauta lançaria uma autobiografia? Ele revela não pensar nisso ainda. Mas sua trajetória com empresariamento artístico, com certeza, daria um bom livro. Entre os nomes lançados por Carauta estão Caio Castro, Sophia Abrahão, Chay Suede e Pérola Faria. Ele também administrou por um tempo a carreira de Marina Ruy Barbosa. Indagado se, nesses anos como agente, se arrepende de algo, garante que não. “Talvez ter me doado demais, mas do contrário, não seria eu...”, diz.

Foto: Márcio Honorato

Quando você teve o insight de começar a escrever, era um dom que você já tinha e escondia? Nunca escondi, apenas usei em outra área até certo momento. Escrevo desde muito pequeno. Desde que me lembro por gente, já me lembro tomando café com leite e lendo O Globo muito, muito pequeno e conversar na mesa do café sobre os assuntos com a minha mãe. Lembro também de escrever livros ainda criança, imprimir, criar a capa, encadernar e distribuir para minha família... Lembro especialmente de um, “Tudo por uma Esmeralda”, que com todos os erros infantis, um dia irei reescrevê-lo, agora adulto. Eu adorava! Também passei por uma fase, do início da tecnologia, do meu irmão “aprendendo a mexer no computador”, formatar o nosso com um outro livro com mais de duzentas e cinquentas páginas escritas. Fiquei meses péssimo. Na verdade, escrever sempre esteve em meus planos. Novelas, séries, filmes ou livros. Mas, fui adiando, pois meu trabalho foi tomando a frente, sabe?

Como você definiu o universo para as suas histórias, vi que foca muito nos jovens, mas também é direcionado para crianças e adultos, né? Acredito que cada escritor tem sua forma de escrever e colocar sua história no papel. Não acredito numa metodologia específica. Acredito, sim, numa rotina, que faz com que a gente crie um hábito e que isso não se transforme em “bloqueios criativos” para entregas. Algo que já passei. Mas, respondendo sua pergunta. No meu caso, tive mais experiências com roteiros, capítulos de novelas, e acabo partindo desse princípio. Comecei com o adulto, “No Divã com Davi”, que tem milhões de situações minhas pessoais com o protagonista, mas também com outras várias viagens para Nova York sozinho, com outras pessoas... No caso, estava passando um mês maravilhoso de trabalhos por lá com meu amigo e agenciado Gabriel Fuentes. Nosso mês foi ótimo e um grande sucesso. No vôo de volta, contei pra ele que achava que tinha um livro em mente. Não foco nos jovens, não. Só acho que tenho facilidade na comunicação com eles. Por ter trabalhado com os Rebeldes, Floribella, ser grande admirador de Cris Morena... Mas no caso de “Sol & Lua”, sim, me inspirei primeiro no Lucca Picon, Allana Lopes e no Hall Mendes antes de criar todo o universo da trilogia. Amo os três, são o futuro da TV, e eles, assim como todos os meus atores me inspiram sempre. Já o infantil, juro! Nunca pensei em escrever para crianças. Digo que foi um sopro de Deus no meu ouvido. Estava num capítulo difícil do meu livro “No Divã com Davi”, e resolvi deitar e respirar, quando o livro veio todo na minha cabeça. Na hora, percebi como essa mensagem era importante para as crianças, para os pais e pra muita gente. Eu penso muito sobre as mensagens que eu quero passar antes de escrever algo.

Foto: Márcio Honorato

A maioria das histórias foram inspiradas mesmo em  artistas jovens que você lançou? Não... Mas meus personagens, minhas histórias, são criadas a partir do que eu vivo, com quem eu convivo, das do que eu sonho... Então fatalmente eles e até você, Lu, pode fazer parte de uma obra minha sem saber (risos)

De que forma você aborda nos três livros questões importantes e relevantes para jovens e até mesmo crianças? Sei que livros de ficção são uma forma de entretenimento, mas acho que também funcionam como uma forma minha de passar para os leitores minha visão de mundo, sabe? Tento sempre passar uma mensagem que de alguma maneira seja relevante ou significativa, mas, no meu caso ela flui conforme a trama, bem como foi no caso de “A Fadinha de uma asa só”. “No Divã do Davi” é uma ficção que eu já sabia o público que eu queria atingir e a mensagem que eu queria passar desde o início.

Ao lidar e lançar tantos artistas, você, como ninguém, sabe que a fama também pode arruinar uma pessoa, se ela não souber conduzí-la bem, se deslumbrar... Você também fala sobre isso nos livros, dando dicas do quanto um jovem tem que estudar, se preparar, para conquistar um espaço e saber mantê-lo? Ainda não escrevi e não pretendo falar diretamente em um livro sobre o meu trabalho, mas nos meus livros, é claro, falo daquilo que entendo melhor e da minha realidade. Em “Sol & Lua – Sob a Luz dos Holofotes”, um livro infanto juvenil, mostro claramente para os jovens que a fama tem seu preço, é cruel e é bem difícil pagá-lo. Tudo em uma linda história de amor que se tornará uma trilogia e tem a Alexandra Vidal como minha coautora.

Depois dessas obras de ficção, pensa em lançar uma autobiografia, porque imagino que você tenha grandes histórias para contar também de sua trajetória... Pois é, me perguntam muito isso. De fato, tenho muitas histórias por esse mundo que até “Deus duvida”! (risos). Mas acho cedo ainda... Penso em outros formatos ainda, mas nada definitivo. Talvez histórias todas que eu vivi, e não ainda uma autobiografia. 

Você começou a trabalhar muito cedo, aos 14, e em pouco tempo, se tornou um empresário artístico de sucesso. O que mais aprendeu nessa trajetória, principalmente no universo artístico, que é de muito ego, uma hora você está em alta, outra em baixa? A tratar todo mundo igual sempre, atender a todos igualmente. Não se deixar deslumbrar com sucesso algum, pois é muito passageiro. O que o faz a gente se manter firme no mercado é o estudo e estar se reinventando sempre. Ah, e o amor pela profissão.

Foto: Márcio Honorato

Você faria tudo de novo, se arrepende de algo? Não me arrependo... Dediquei grande parte da minha vida ao meu ofício, a lançar meus artistas e conquistar o lugar que tenho hoje. Talvez me arrependa por ter me doado demais, mas esse não seria eu...

Há muita ingratidão nesse meio do empresariamento artístico, ou é normal um artista começar com você e depois traçar outro caminho. Você se decepcionou com muita gente ou hoje consegue manter uma boa relação com todos que passaram na sua agência? Sempre existe uma ou outra pessoa, mas tenho orgulho de da maioria ter passado nove ou dez anos pelo escritório com uma carreira linda, completa e muito bem administrada. E sim, tenho uma boa relação com todos. Caio, Chay, entre outros já estão pra dar opinião sobre meus livros entre outros. A relação é como se fosse de um casamento. Não tem como acabar de uma forma tão ruim.

Qual você diria que é o diferencial da Carauta Estratégia de Imagem? No meu caso, acho que o diferencial, e as pessoas conseguem ver de fora, é me entregar e acreditar piamente em quem estou investimento e transformar numa estrela. Não meço esforços para isso acontecer. Por isso, podem me oferecer fortunas, mas só trabalho realmente com quem eu acredito. É abdicar de muita coisa, ter muito foco, determinação, estudo.

Você se define um homem de 33 anos, com alma de velho... Sempre foi assim ou maturidade foi te trazendo essa calmaria? Não, foi o tempo e a experiência mesmo. Hoje, só saio de casa mesmo para o trabalho. Fora isso, ou escrevo, escolho uma boa companhia.

VEJA OS TRÊS LIVROS LANÇADOS POR FELIPE CARAUTA

No Divã com Davi – No Alto da Brooklin Bridge

No auge dos seus 30 anos, Davi se vê e se sente completamente sozinho. E por mais que seja uma pessoa bem sucedida profissionalmente, carrega um sentimento avassalador de solidão - até nos mais lindos lugares do mundo, rodeado pelas pessoas mais influentes do país. Usando uma viagem com Beni para New York – um modelo iniciante da famosa agência de Davi - como pretexto para tentar uma aproximação maior, o empresário se depara com situações inimagináveis, como ser deixado sozinho na porta de um Castelo, até que começa a viver um conto de fadas com André, um galã da Broadway. Perdido dentro de seus devaneios, Davi se sente cada vez mais pequeno e engolido pela Big Apple. Cansado de aceitar a esmola de qualquer afeto e se entregar à bebida, Davi trilha o caminho para um encontro pessoal consigo mesmo, culminando na descoberta de sua autorresponsabilidade, no alto da ponte mais famosa do
mundo. Não é um livro de auto ajuda, mas poderia ser. É uma linda história de amor, acima de tudo, o amor próprio.

Sol e Lua – Sob a Luz dos Holofotes

Ravi e Lua cresceram juntos no vilarejo de Figueiral, no Rio de Janeiro. Apesar de terem sido criados como irmãos, isso não impediu que, com o fim da adolescência, um sentimento mais forte surgisse entre ambos. Porém, Ravi, com seus cabelos loiros e sua prancha de surf, tem um sonho: ir embora de Figueiral junto com seu melhor amigo Rafa. Enquanto descobrem se a profundidade do que sentem resistirá a caminhos tão diferentes sendo traçados, Ravi precisará lidar com Chloe, filha de um poderoso apresentador de talk shows, que abrirá para ele um novo mundo, repleto de riqueza, celebridades, redes sociais – e amores impossíveis.

A fadinha de uma asa só 

A fadinha nasceu com uma asa só 

E por isso era tristinha de dar dó 

Nas aulas de voo não queria ir

E seu brilho começou a diminuir.

A fadinha precisa agora se aceitar

Para só então voltar a brilhar.